Resenha - O médico e o monstro
As vezes o monstro não está lá fora e sim dentro de nós...
O médico e o monstro | Robert L. Stevenson | Principis | 2019, 96p.
💬 Um dos grandes clássicos da literatura gótica não poderia ser deixado de lado e em 2021 consegui ler esta história que mistura fantasia com ficção científica e terror ao estilo vitoriano do século XIX.
📖 Em O médico e o monstro vamos acompanhar a história de Dr. Jekyll através da ótica de seu advogado e amigo, Sr. Utterson, tudo começa quando este último acaba sabendo de um assalto no qual um tal de Hyde teria agredido uma garotinha. Ele acaba preso porém tem sua fiança paga, tudo isso poderia ser apenas um acontecimento banal se não fosse um ocorrido alarmante.
📖 Utterson fica assustado quando nota que Jekyll transfere todos seus bens através de um testamento para o misterioso e violento Hyde, que até então, era uma total incógnita sobre quem era e o que queria com um doutor tão respeitado.
📖 Com o passar do tempo, o advogado conta com a ajuda de outro amigo para tentar descobrir o que está acontecendo em toda essa situação, cada vez que se aprofundando mais e mais, Utterson entende que há um grande mistério envolvendo o médico e o monstro.
💬 É fato dizer que a literatura gótica traz consigo um cenário nebuloso e misterioso, portanto, isso vai ser observado durante todo o desenrolar da história, seja nas características dos personagens, na montagem de cenas ou através do suspense clímax da obra.
💬 Eu particularmente adoro os gêneros de ficção científica e terror, e tem um pouco dos dois em O médico e o monstro, porém, o que mais me chamou a atenção são os temas sociais abordados de maneira implícita no decorrer da trama.
💬 Isso é algo muito visualizado nas leituras góticas, eu diria que era uma forma de burlar o sistema e trazer através daqueles ambientes trágicos e sombrios, um pouco de clareza sobre assuntos sensíveis ou tabus.
💬 Nesta história em específico, claro, vamos ter um suspense que possui inicio, meio e fim, e acaba que não é uma grande surpresa quando conhecemos quem realmente era o Sr. Hyde, talvez seja por conta das diversas referencias e representações já feitas quanto a esta história.
💬 Porém, também acho que um dos grandes propósitos do livro é nos fazer pensar sobre aquela sociedade e suas mazelas, então, aqui vai uma breve contextualização...
💬 A primeira edição de O médico e o monstro foi lançada em 1886 em Londres, o mesmo foi escrito por um autor inglês, Robert Stevenson, e vai trazer como palco a sociedade inglesa de fim do século XIX, juntamente com seus personagens imbuídos da essência das figuras cotidianas daquele tempo.
💬 Naquele mesmo tempo alguns aspectos morais estavam em pauta no meio artístico e também psiquico, as questão envolvendo o bem e o mal são muito antigas, mas neste período se teve um alvorecer nos campos da Psiquiatria e Psicologia.
💬 Na arte é possível ver não somente na literatura gótica como em outros ramos a intenção de se falar sobre os assuntos que atormentam o ser humano e sua relação com a sociedade, por exemplo, as obras de H. G. Wells ou Julio Verne também vão trazer um pouco dessas abordagens dentro de contextos científicos.
💬 A própria ciência estava sendo ampliada com a publicação da Origem das espécies de Charles Darwin, do qual bateu de frente com as abordagens religiosas, trazendo uma nova forma de pensar sobre nosso lado mais primitivo.
🚨 ALERTA DE SPOILER 🚨
💬 O mistério de Sr. Hyde ser o próprio Dr. Jekyll podia ser esperado desde o começo dos fatos apresentados pelo protagonista, o próprio nome "Hyde" deriva da palavra hide, que no inglês significa escondido.
💬 A dualidade e os embates morais que são salientados durante a história expressam os próprios questionamentos que estavam sendo levantados naquela época, em suma, sobre como saber o que é certo e errado? o que é bom ou ruim? o que nos fazem menos monstro e mais humano?
💬 As facetas transmutadas durante o uso da poção criada pelo médico nada mais é as duas facetas que carregamos dentro de nós que hora mostramos uma e hora mostramos a outra, indo mais além, a monstruosidade apresentada pelo autor pode ter relação com o primitivismo humano.
💬 Durante a leitura muito me lembrei das palavras de Thomas Hobbes, "o homem é o lobo do homem", de maneira genérica, a frase significa que o ser humano tem como instinto machucar o próximo e seria esse o motivo de tantas guerras e violências. Não que esse seja o tema central da obra, mas, algumas atitudes do Sr. Hyde são violentas contra si e contra o próximo.
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💬 Essas foram algumas análises que eu fiz durante a leitura mas sei que se eu ler mais vezes vou acabar notando elementos novos, é uma leitura que mesmo fora de seu tempo traz consigo pensamentos filosóficos ainda presente em nossa era.
💬 Os detalhes trazidos pelo autora também são muito bem feitos, não se tem quase diálogo, nós passamos a ver aquele cenário a partir dos relatos do senhor Utterson e temos que confiar em suas habilidades analíticas e de terceiros que lhe contam fatos.
💬 A escrita por ser do século XIX é um pouco rebuscada mas nada que atrapalhe a leitura, a edição da Principis eu achei bem resumida porém a estrutura do livro era muito boa, a diagramação é padrão e a capa eu achei muito bonita.
💬 Mais um livro para eu recomendar, principalmente se quer sair da zona de conforto ou se você gosta de ficção científica misturada com suspense eu acredito que vais gostar, são muitas hipóteses que vais poder formular com essa leitura.
Nota: ⭐⭐⭐⭐⭐
por Sarah J. C. Pinheiro.
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